Sempre observo quem curte minhas fotos no Instagram, assim encontrei o Di Vicktor, eu tinha que pedir uma entrevista ou não era eu... E ele foi super gentil ao aceitar, confiram abaixo!!!
1- Como
foi seu
inicio na literatura?
Como
leitor, começou cedo. Minha mãe era uma devota (sem exagero) dos
romances Sabrina, Julia, etc. Meu pai viajava muito a trabalho, então
acho que minha “mainha” encontrava nos romances um alento (era
natural vê-la sorrindo e lacrimejando ao ler). Tentava ler também,
mas aquilo eu não entendia muito. Foi então que meu pai mudou de
emprego e começou a ficar mais tempo em casa. Logo ele também quis
ler e “achou” aquela literatura western (os “cowboys” que ele
assim chamava). Virei fã destes livros e ficava esperando ele
terminar de ler pra chegar a minha vez.
2-
Quando surgiu a ideia de publicar um livro? Alguém te incentivou?
Essa
sim é uma pergunta difícil. Sabe aquele garoto que sempre é o imã
da turma? Pois bem, eu era o “contador de histórias” da galera,
o motivo de risos a fio até altas horas da madrugada, nas antigas
ruas calmas de Tobias Barreto. A diferença de agora é que hoje eu
escrevo estórias, mas antes eram relatos verdadeiros (tudo bem,
tinha um certo exagero nos “causos”). Nós crescemos, criamos
famílias e, inevitavelmente, nos afastamos um pouco por causa das
rotinas e responsabilidades diárias de cada um. Os encontros foram
ficando cada vez mais raros até que surgiu o “boom” do facebook,
reaproximando pessoas que, mesmo morando perto, são afastadas pelo
cotidiano. Minha cidade mudou muito, se tornou violenta, e como sou
meio saudosista, comecei a cogitar escrever sobre a antiga Tobias.
Logo que falei para alguns poucos sobre essa ideia, logo se espalhou
como um mantra, quase como aquelas correntes chatas do Orkut. O que
era um projeto virou logo uma obrigação, e a galera todo dia me
cobrava o término deste livro. Então, respondendo a pergunta,
praticamente todos os tobienses que conheço me apoiaram.
3-
Qual é o papel da sua família acerca de sua carreira como autor?
Eles
me apoiam, mas desde que eu não pense em largar tudo. Mas nunca
chegaram a demonstrar isso em palavras, pois nem precisam, eles sabem
que tenho pés no chão, que nunca passou por minha cabeça qualquer
tipo ambição.
4-
O Livro “O Mistério de Tobias” está fazendo o sucesso que você
esperava? Conte-nos um pouco sobre ele.
Passei
nove meses escrevendo este “filho” (feliz coincidência). Em
nenhum momento passou por minha cabeça enviá-lo pra alguma editora,
e tinha várias justificativas pra isso. A primeira é que este
romance, em minha opinião, não é “mercadológico”, pois
trata-se de uma estória com personagens, passagens e locais bem
peculiares à esta cidade. Provavelmente um leitor que não conhece a
vida e obra de Tobias Barreto, e nem conhece esta cidade, não vai
ter a mesma reação que muitos tobienses tiveram. Mesmo assim eu
recebi pedidos do livro de leitores de quase todos os cantos do país.
As críticas foram boas e encorajadoras, e era quase unanimidade a
reclamação e sugestão de que o romance fosse mais longo. Então me
sinto muito satisfeito e até já começo a pensar numa continuação
(“O segredo de Tobias”).
5-
Poderia comentar algo sobre “Estradas da Luz”?
“Estradas
de Luz” era (ou quem sabe seja) pra ser meu segundo romance.
Comecei a escrevê-lo logo depois do lançamento de “O mistério de
Tobias”. Trata-se de um romance baseado na vida de vários
universitários brasileiros, residentes em cidades que não têm
universidades, e que precisam diariamente pegar a estrada para cursar
faculdade. Eu passei por essa fase e, conversando um antigo colega de
ônibus, surgiu a ideia. Tudo começou com o título, pois nas
madrugadas de volta para casa, o único rastro que ficava em nossas
cabeças recostadas nas poltronas eram as luzes. Luzes dos postes,
das casas, da lua, das estrelas. Serão quatro personagens, no qual
fiz um concurso para nomear dois deles. Infelizmente (ou felizmente)
uma outra história surgiu na cabeça, e esta me perseguiu por duas
semanas inteiras, atrapalhando o enredo que estava escrevendo. Então
resolvi deixar ser vencido pela nova estória, e pausei
momentaneamente esse projeto.
6-
O que é “EXUVIA”?
A
bendita EXUVIA! Causadora de insônias e motivo por ter parado de
escrever “Estradas de Luz”. Pois bem, estava eu
despretensiosamente assistindo TV, quando vi na grade de programação
um documentário sobre libélulas. Era domingo, ainda cedo, estava me
despertando para começar a escrever (adoro escrever logo após
acordar). Programei o documentário e logo o canal muda
automaticamente. Mal sabia que aquele momento seria tão importante.
O narrador disse uma palavra estranha e que eu nunca tinha escutado.
Antes que ele começasse a explicar, pesquisei rapidamente no google
do celular. Do latim EXUVIAE, que significa “vestido largado”. E
a mágica aconteceu aí, pois imaginei quase toda uma estória neste
exato momento. Tanto que não prestei bem atenção no restante do
documentário, e precisei esperar mais alguns dias quando ele se
repetiu na grade e assisti-lo mais atentamente sobre o ciclo de vida
das libélulas. Pensei “e se numa determinada cidade começasse a
aparecer corpos e que a população ficasse em pânico imaginando que
fosse um serial killer, mas que na realidade fosse uma
pessoa/criatura que estivesse mudando de pele? (“ecdise”, de
acordo com o documentário)”. Eu nunca me imaginei escrevendo esse
tipo de ficção, então um senso de realidade confrontou minha
inspiração de fantasia. Resolvi deixar pra lá, tentei esquecer. O
problema é que foi em vão. A escrita de “Estradas de Luz” não
fluía mais, pois a imagem de uma mulher sombria, praticamente um
“metamorfo”, começou a me assustar, entrar nos meus sonhos e
tudo mais. Coincidentemente uma libélula adentrou minha residência
e eu fiquei encarando-a por um tempo suficiente de achar que aquilo
era um sinal. E assim aconteceu, e assim será. O escopo da estória
já está definida e agora estou só montando os personagens e outros
aspectos que logo divulgarei no meu site e nas redes sociais.
7-
Em sua opinião as editoras que estão dando espaço a autores
iniciantes? E a que isso se deve?
Confesso
que se essa entrevista fosse feita meses atrás, minha resposta iria
soar polemica demais, mesmo que não fosse esse o propósito. Hoje eu
sou escritor principalmente por ter passado por um processo difícil
de politização e socialização. Então, neste sentido, fico ainda
um pouco decepcionado com a forma de como se faz literatura aqui no
Brasil. Editoras que procuram autores com “mercado” em vez da
qualidade literária, escritores que praticamente se prostituem por
qualquer método que o faça ser “rentável” às editoras,
leitores que se adéquam à esse sistema e, por que não, blogueiros
que se tornaram peça chave nesse panorama por difundir o que as
editoras querem. Fazendo uma comparação ao futebol, é como um
jogador (escritor) ficar submisso aos presidentes de clube
(editores), e ter sua imagem ofuscada pelos empresários (alguns
blogueiros), agora sob todos os holofotes. E então o que interessa
realmente para o torcedor (leitor), que é o jogo (a leitura do
livro) em si, fica a mercê das opiniões já pré-concebidas do que
é bom ou não.
8-
Tem outros projetos literários em mente?
Inúmeros!
E parecem ser infinitos. Paralelamente estou ajudando três garotas
de 11 anos de idade que querem ser escritoras. Me deram um conto de
fantasia urbana que estou editando discutindo ideias pra melhorá-lo.
São alunas da escola onde trabalho e, na mesma sala, fiz um projeto
que trata-se de um dicionário, uma espécie de glossário infantil,
onde palavras como “amor”, “vida”, “mãe”, “Deus”
foram sugeridas para estas crianças darem o sentido, um significado
só delas. “Um mundo azul e rosinha” é o nome (inspirado no nome
da escola, Rosinha Felipe). Tem um projeto de jornal cultura que
ainda estou me reunindo com possíveis colaboradores, e outro que
visa transformar a vida e obra de Tobias Barreto de Meneses em
quadrinho (ou livro infantil), com uma linguagem mais apropriada e
resumida, objetivando a propagação da grandeza do nosso patrono.
9-
Gostaria que você deixasse uma mensagem para os atuais e aos futuros
leitores.
De
um ponto de vista amplo, espero que o brasileiro leia mais e leia
tudo que goste. Que não fique preso à modismos e que fuja um pouco
do tradicionalismo literário das escolas. De forma restrita,
digo-lhes que estou só começando. Ainda tenho a vida toda pela
frente, e minha intenção é escrever um livro por ano. Quem sabe eu
consiga...
Rapidinhas
Um livro: Lenora
Um
autor (a): Heloísa
Prieto
Um
ator ou atriz:
John Malkovich
Um filme:
Encontrando Forrester
Um dia especial:
19-12-2013 (Lançamento do meu livro)
Um desejo: Posso
desejar que os leitores gostem desta entrevista?
(risos da minha parte, pois eu super curtir)
Pós-entrevista>>>>
Meu comentário pessoal:
Devo
confessar que não sabia da obra, quando estava procurando sobre ela
li Tobias Barreto de Menezes deu um estalo na mente (eu precisei
fazer um trabalho sobre ele na escola) e disse: Opa!!! Daí fui lendo
e vi SERGIPE aí disse: OI?! Como assim SERGIPE?! Preciso realmente
voltar mais os olhos para a Prata da Casa.
Resposta:
Fico
agradecido e maravilhado por tu ser uma conterrânea. Fico muito
animado, pois, mesmo sabendo que nosso país não é de leitores,
percebo uma mudança no comportamento dos leitores. Hoje ainda são
poucos na sociedade, mas não mais escondidos, encabulados e
envergonhados pelo seu hábito “incomum” aos hábitos nacionais.
Espero que entenda meus comentários sobre os blogueiros e não tome
pra você a crítica. Se pelo menos uma parte desses tivessem a
atitude como a sua de valorizar a literatura nacional e seus autores,
talvez o quadro fosse diferente e nós escritores não tivéssemos
essa imagem de mendigos pedantes e pedintes de mera leitura de
sinopses. Obrigado, mais uma vez!
Excelente entrevista Eli <3
ResponderExcluirBeijos
garotaliterary.blogspot.com.br
Oiii Eli *-*
ResponderExcluirAdorei a entrevista. E Exuvia me instigou, deve ser um livro maravilhoso, pela descrição do autor parece um livro que tu não consegue para de ler.
Beijos
http://www.sacudindoaspalavras.com.br/
Uma entrevista muito interessante. Gostei do seu trabalho. Parabéns. Agora eu gostaria de convidá-lo a conhecer minhas histórias do gênero terror, aventura e fantasia. Estão em outro blog "Crônicas do Outro Mundo", que vc pod encontrar pelo Google, ou através do meu blog principal. Também pode achá-lo digitando meu nome no google. Um abraço e continue com seu belo trabalho.
ResponderExcluirGostei da pergunta 7 pois ele disse, quase que por completo, a ideia que eu tenho desse mercado editorial brasileiro e da 8 por ver que pessoas que tem talento não param.
ResponderExcluirEntrevista muito boa, procurarei a obra dele para ler, adoro regionalismos.
Abraço
chacomresenha.blogspot.com
muito bom!!
ResponderExcluirAcho super legal as famílias que incentivam os filhos a lerem desde cedo. A minha será assim *.*
ResponderExcluirBela entrevista :)
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