30 de abr. de 2014

Fanfic - Sobreviventes do Apocalipse - Capítulo 21

Capítulo 21 - Traição
Anderson havia se retirado de Mariana com o sangue que precisava. Jaqueline dera algo a ele como se fosse o “Santo Graal” da humanidade. Os humanos necessitavam daquela descoberta, mesmo que a loira tivesse que morrer para isso. Sentia por ela, mas não pela ação que tomou. A cólera que o induziu a tocar o terror na cidade de Mariana já havia passado e simplesmente agora queria ir embora. Ir ao governador. Ir à pessoa que o mandou naquela missão para dizer que encontrou uma espécie de desvio. Se pudessem estudar o sangue, criar um soro ou antissoro visando interromper o agente causador daquele vírus mortal e indolor a quem era infectado, o mundo estaria a salvo e seu nome, Anderson Morais estaria nas páginas nas histórias. Só se perguntava se era correto ter seu porta-malas repleto de sangue, pois fora lá que colocara Jaqueline a principio...
Na cidade, Júlia ainda tinha dificuldades a enfrentar a horda que atacava impiedosamente a igreja. Isadora e Elileudo começaram a lutar por suas vidas, usando todo o arsenal que tinham a sua disposição. Jaqueline lutava por sua vida. Precisava de uma transfusão de sangue urgentemente e as garotas que estavam ao seu redor não sabiam como fazer uma. Pensaram que poderia existir um hospital perto daquela região e lá existiriam os materiais necessários à transfusão. A coisa mínima a fazê-la sobreviver. Só que como achar cirurgicamente um hospital daquele porte em uma cidade a qual eles não conheciam? Seria como procurar uma agulha no palheiro.
O trio ainda lutava e abria caminho entre a horda visando escapar daquele lugar fechado. Abdicaram toda a esperança de sair dali sem se ferir ou arranhar-se. Ou infectar-se. O problema era que Júlia tinha plena consciência de que ela era divergente. Uma pessoa imune ao Krocodil H. A droga dos supersoldados, o vírus que transformara toda a cadeia humana, dando o maior teste de sobrevivência que já ocorrera em toda a história desde quatro mil anos antes de cristo até o presente momento. Nem a peste bubônica na Europa no período conhecido como Idade das Trevas, nem a gripe espanhola surgida repentinamente nos anos vinte fora tão impactante quanto o vírus dos mortos-vivos. E ele poderia mutar. Se a natureza assim quisesse.
Divergentes não estariam mais a salvo. Porém o que fazer para sobreviver além de lutar por suas próprias vidas? O que fazer para dar um fim verdadeiro a tudo isso? Dois anos e somente um décimo da população sobrevivera. Será que eles sobreviveriam? Será que só sobrariam os divergentes num mundo muito maior? Perguntas sem respostas feitas por quaisquer pessoas inseridas nesse meio. Atrelada a elas existia uma inquietação guia. Algo que todos queriam saber. O motivo para Thanatos – e por que não, Êvanes – terem indo a fundo nessa história.
Tendo Júlia como líder, o casal de Mariana começou a abrir caminho na horda que por vezes tocava nos divergentes e isso praticamente trazia o vento da morte para perto deles. Quando finalmente viram uma luz no fim do túnel, o trio correu ladeira abaixo. Sorte ou não, o próprio Anderson tinha feito uma barricada em forma de zigue-zague, dificultando a passagem dos mortos-vivos dada suas dificuldades de locomoção. Se pudessem ir à igreja onde se localizava o restante do grupo da carioca conseguiriam com certeza, evitar que fossem percebidos.
Mas Jaque precisava de ajuda.
Contudo, eles tinham uma local. Uma pessoa que conhecia todas as ruas, vielas e estabelecimentos da pequena cidade histórica de Minas. Logo ao chegar, Isadora rapidamente disse ao ser perguntada qual o hospital mais próximo daquele ponto.
– Tem o hospital Monsenhor Horta... Fica no fim da rua ao seguir reto daqui.
– Quantos minutos? – indagou Carla, tentando fazer a loira potiguar ficar mais bem posicionada.
– Uns quinze se formos a pé.
– Não tem como ela ir a pé – disse um dos membros da resistência – Vai perder muito sangue, mais até do que já perdeu.
– Precisamos de um carro – completou Endyell.
Júlia e Eli correram até a saída e tentaram procurar por qualquer carro cujas chaves ainda estavam na ignição, porém não demoraram a encontrar. Como tudo aconteceu rápido, pessoas não conseguiriam andar com seus carros nas ladeiras estreitas da cidade e preferiram fugir a pé da horda. Inutilmente, por assim dizer. Dado o tamanho do grosso que se existia na cidade, era bem capaz de somente Isadora ser a única local durante todo esse tempo.
Eli engatou a ré e começou a ajustar o carro para caber àqueles necessários a ir mais rapidamente ao hospital. Claramente, somente quatro pessoas poderiam estar confortavelmente no carro. Isadora iria à frente, Júlia iria atrás junto a uma ferida Jaqueline. O restante teria que ficar para trás, mas se as informações fossem corretas, como eram, não levaria mais de dois minutos para trazer as pessoas. A única variável negativa no plano seria Elaine Neckel, a qual se encontrava diferente de quem era antes e poderia ser uma afronta às pessoas ali presentes.
Júlia não levou isso em consideração.
E esse foi seu erro.
Assim que o pessoal se retirou ao hospital, a catarinense sorriu e pegou uma pistola – uma utilizada por Elileudo no confronto contra os diversos zumbis – e atirou em todos os transeuntes. Um a um. Tiros certeiros na cabeça. Parecia cena de cinema, entretanto era a mais pura realidade. A única sobrevivente foi uma distraída Carla a qual observava do lado de fora a situação dos mortos-vivos e escutara os tiros. Quinze pessoas massacradas por uma única mulher a qual não chegava aos vinte anos. Anderson tinha feito algo com ela. Algo que só uma psicóloga ou psiquiatra poderia resolver.
Elaine apontou a arma para Carla.
A gaúcha de Pelotas, amiga da ensanguentada e morta Endyell e da linda Vitória fechou seus olhos.
Um clique.
E quando Carla abrira novamente seus olhos, vira que a arma utilizada por Elaine falhou. Talvez a munição tivesse acabado. Não sabia. Só que não ficaria para não contar o que acontecera. Sua amiga estava inerte no chão. Um ferimento agudo em sua testa. Queria chorar, queria gritar, queria espernear.
Não podia. Não quando Elaine estivesse ali tentando fazer a arma pegar de alguma forma. E então a garota que fazia Design na universidade federal de Pelotas simplesmente partiu para cima da catarinense que tinha contatos dentro da federal de seu estado.
O impacto foi tremendo.
Mas uma luta por justiça começaria e teria a duração de dois minutos, tendo em vista que este era o tempo que Eli voltaria e perceberia o acontecera.
Era o tempo que Elaine tinha para fugir.
Também era o tempo que Carla teria... Para fazê-la ficar.
***
Os dez soldados de Thanatos partiram com tudo para cima das duas. Porém, praticamente ignoraram as mulheres. Seu alvo era um só. O baiano, natural da cidade de Salvador, Vinicius Ribeiro. Thallita e Bianca imediatamente correram atrás dos soldados, enquanto o jovem rapaz, observando que suas palavras foram meramente vagas correu de volta ao complexo onde sua equipe estaria lutando pela sobrevivência. Isso fez o rapaz imaginar uma conversa que ele teve no telefone, muito antes de aquilo tudo começar, com a sua aclamada “esposa” e “princesa” Jaqueline Saraiva, a mesma que estava passando por enormes dificuldades, tendo sua vida por um fio no interior de Minas Gerais.
– Oxe, eu não gosto de ser uma fracota que é salva por todos – disse Jaqueline enquanto saia de sua academia de Muay Thai em Natal – Por isso eu treino... Quero ser mais forte.
– Não creio! – exclamou Vinicius com certo sarcasmo – Como assim não ser a pessoa a ser salva? Eu gosto de ser assim, me faz sentir importante...
– Você não entendeu amor. Eu quero me salvar, me defender e não deixar minha vida depender das pessoas que estão ao meu redor.
– Acho que você pensa como todo mundo – o baiano sorriu levemente – E por isso treina e gosta das luta não é?
– Assim como você ama futebol.
– Te amo viu... Não vejo a hora de nos encontrarmos, minha princesa.
– Também te amo e deixe de drama quanto o que eu faço. Cheiro marido.
Após recordar-se do que estava acontecendo, o tão chamado “obreiro” caíra na mesma situação que a descrita no diálogo que teve com sua “mulher”. Ele era a pessoa a ser salva enquanto os outros lutavam para ele. Sempre fora assim. Até como seu inicio, em dar mensagens e suprimentos. Por causa desses pequenos fatores, tinha gente querendo morrer por ele.
– É Jaque... Acho que sou realmente diferente de você...
E correndo por sua vida, ele levara todos os envolvidos para perto da grande batalha que ocorria na cidade de Rio Grande.
Uma batalha que mudaria sua vida para sempre

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